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terça-feira, 13 de junho de 2017

dia 13

o ar da tarde foi como o ar de uma redoma limpa 
de céu nublado, alaranjado um pouco - e doce.
na minha cabeça zumbia uma felicidade estranha. uma felicidade que era quase um espaço vazio, preenchido de possibilidades
(todas as coisas tem uma capacidade implacável de surgirem, se modificarem ou pararem de existir). 
uma felicidade morna que era quase uma tristeza
pairava.
percebi que não faço a menor ideia do que estou fazendo
hoje choveu.

sexta-feira, 9 de junho de 2017

as vezes confundo meu corpo com o mundo
não sei se meus braços são quilométricos 
se tenho pernas que andam ou pernas que são todas as partes.
confundo meu tempo, viro o que sempre existiu 
viro o que nem existe ainda - esqueço que um dia eu não era nascida.
minha língua fica doce como se nunca tivesse tocado água do mar
e minha boca inteira vira céu
e tropeço nas pausas, nos tempos marcados do relógio, em memórias alheias 
vejo tudo ao mesmo tempo
sinto o vento sem que esteja ventando e ouço os ruídos dos animais que estão a um continente inteiro de distância 
ouço-os rastejando na grama, correndo, se alimentando, parindo 
lembro do sangue (nunca esqueço o sangue, no fundo de tudo o farejo e o quero) 
os contornos do meu corpo se diluem, me espalho, existo
entendo
deixo que alguma coisa em mim gargalhe 

sexta-feira, 2 de junho de 2017

uma não-sóbria imperfeita libriana sexta feira (noturna, porque o dia foi de terra)
se me achas racional demais, se me achas em qualquer lugar
eu sou onde e meu tempo é esse
não sei colocar ritmo porém acalento
não sei formar opiniões. minha teoria é observar de olhos doloridos de viver o dia
(estou cansada, mas forte. muito forte).
hoje recuso convites de toda ordem, em partes porque tenho um corpo dócil, mas principalmente porque sinto fome e estou tão bêbada ainda do ano passado.
não posso dizer que sinto muito. nem posso dizer que quero pontuar as linhas
revirar os olhos
deslizar em alguém
falar coisa com coisa
falar coisa com coisa não quero
hoje me apaixonei três vezes. vi duas pessoas num palco e me apaixonei por elas. um era bonito de boca morena, uma era desconhecida e tinha vários olhos. a outra foi mais cedo e ela me acertou linda como um soco na cara, mostrando um sorriso quilométrico. já os superei.
hoje tive uma longa conversa importante sentada sozinha num banco de um ônibus que leva as pessoas pra casa ou pra mais longe dela.
tracei meridianos.
vou tomar um banho e o cheiro de cigarros dos outros vai sair. tomar banho é ser eu mesma.