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quinta-feira, 13 de abril de 2017

Levo meu tempo contigo como alguém que passeia, sem pressa, num caminho enfeitado com pedrinhas e cheio de coisas pra ver ao redor. Gosto da nossa comunicação feita de pele que raramente precisa do verbo.
Assim que você vai embora, entro imediatamente num estado de espera não-ansiosa, ou saio de um estado de suspensão do tempo - coisa estranha que você provoca.
(Das coisas que você provoca: uma espécie de confusão mental, uma sensação de que não te aproveitei o suficiente, um pequeno medo, um tesão absurdo.) 
Isso não é um bilhete. 

sábado, 8 de abril de 2017

partes minhas e tuas (estou escrevendo isso na sua casa enquanto você viaja)

começou quando nos reconhecemos. ouvi sua voz, senti teu cheiro, rimos juntos e suas raízes começaram a se afundar em mim. começou (e continuou sempre) com você sendo meu amigo.
depois, o desejo monstruoso, a fome da pele alheia. as noites infinitas de vinho e cerveja compartilhados e poemas compartilhados e lençóis compartilhados. meus fluidos por todo seu corpo. tuas marcas de dentes e unhas pelo meu. nós muito bêbados e muito chapados.
veio, depois disso, tudo que vem quando o pedestal desce e a projeção acaba. a clareza do amor sincero. conversas sóbrias. você cuidando de mim, eu te seguindo pela vida dura, você sendo vulnerável um pouco, eu escrevendo muito. nós sentindo ciúmes.
lembro quando veio o ciúmes. o incomodo velado por não ser a unica, eu ficando brava quando você não trocava o lençol. você doendo daquele viajante cearense por quem eu me apaixonei antes, doendo daquela guria libriana por quem eu me apaixonei várias vezes.
mas sempre a compreensão vinha. ainda vem. com a auto análise e os diálogos sinceros. (eu te amo).
aí, um dia, você me deu uma escova de dentes só minha que ficaria na sua casa.
.
criamos uma rotina que envolvia conversas desimportantes, netflix, cozinhar juntos, sexo bem feito, banho compartilhado, e eu quis que você fosse da minha vida sempre.
e quero. sem nada disso ou com tudo igual.
e então, aconteceu de você não ser mais o único, e distancias de virgulas se colocarem nos nossos dias. (e eu ainda te amo de amor bom).
ontem percebi que conheço todas as pintas das suas costas.