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domingo, 14 de agosto de 2016

http://extra.globo.com/casos-de-policia/tres-suspeitos-morrem-em-confronto-com-policia-em-del-castilho-onibus-sao-incendiados-em-protesto-19905325.html

não posso querer explicar nada com palavras que, juntas, não formem poesia
um erro de digitação num jornal online disse que "Às 20h41, a vida foi liberada." depois de um viaduto ser interditado. 
e por um momento fiquei feliz.
os policiais entram na favela e matam crianças que vendiam drogas. 
pessoas de camisa vermelha brigam com pessoas de camisa verde. nossos dedos foram feitos pra colher frutas, pintar coisas, tocar instrumentos, coçar as partes que coçam
ou puxar gatilhos, lançar pedras?
em alguma parte, a mulher de algum policial deve ter na barriga um bebê. 
em alguma parte, dentro do calor úmido do solo deve estar brotando uma semente de uma planta chamada maconha
em alguma parte alheia a tudo isso, um meteoro deve destruir um planeta inteiro

m i l h õ e s
de pedacinhos devem estar se espalhando.
em algum momento algumas partes do meu corpo eram flutuantes viajantes no espaço. por acaso ou por amor elas se encontraram para abrigar minha alma
no mundo existem placas de rua
existem carros
existem baleias
existem crianças que morrem baleadas e homens que escrevem errado nos sites de notícias 
existem pessoas com dores de cabeça e coelhos selvagens que roubam vegetais de pequenas hortas. funk, pantufas, buracos negros, morangos e todas as coisas.
por existir tudo, não existe nada
eu sou um profundo silêncio capaz de amar. eu sou você e eu sou tudo
por eu ser tudo, não sou nada