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segunda-feira, 2 de maio de 2016

eu queria saber se o mar sabe de si próprio.
se eu fosse o mar, escreveria, com pequenas ondas, poesias sobre os seres que vivem em mim. descreveria a sensação de envolver as pessoas, roubar a temperatura de seus corpos. saberia que sou grande e assustador e devoraria embarcações lotadas, mas por amor.
rugiria como a ferocidade pura e líquida que sou. rugiria a noite inteira. me atiraria contra as pedras com uma violência doce. e seria o útero das sereias. seria o chão das gaivotas.
talvez não soubesse, mas sentiria que inspiro e acalmo.
eu saberia, se fosse o mar, que as lágrimas das pessoas são pequenas células de mim.
você me lê?
ontem li que a vida é um sonho e por um décimo de um milionésimo de um micro segundo, acordei.
foi um momento tão pequeno que nem deu tempo de nascer em mim a vontade de segurá-lo. tão pequeno que nem sei se foi real.
foi minha vida, essa vida, condensada.
risquei meus braços para que não me esquecesse VOCÊ ESTÁ SONHANDO
mas esqueci, e estou esquecida ainda agora.
deus me lê?