Web Analytics

domingo, 19 de junho de 2016

domingo, 19 de junho de 2016

se eu não estivesse com uma leve ressaca, ergueria um copo de vinho por todas as ações certas por motivos errados. beberia muito pra ter a sensação (talvez ilusória) de que minha alma descolou um pouco desse corpo que habito mas não sou.
aí, fecharia o mundo num abraço, absorveria todo o sofrimento tornando-o meu e choraria até que os níveis dos mares subissem.
tudo estaria limpo e ninguém precisaria tomar decisões difíceis, nem passar por processos que dilaceram, tampouco sentir medo.
(pausa. eu queria costurar minha poesia em você. das paredes do seu corpo até o que te escapa. mas minha poesia é feita de dor - e que bordado feio seria pra sua pele linda)

uma hora junho também acaba.

segunda-feira, 6 de junho de 2016

sempre que chego no portão dessa casa azul e a olho parece-me que ela afundou 3 centímetros. o céu cinza gelado parece uma continuação das suas paredes.
as flores, árvores e arbustos do quintal estão doentes e tristes. as couves que nascem na horta são amargas e não importa quanto adubo doce seja posto na terra, quando a primeira manifestação de planta desponta do solo, contamina-se com nossa estagnação.
quando entro na casa, um ar líquido-denso invade meu corpo e o deixa tão pesado quanto os móveis velhos de madeira rústica que pertenceram antes à sei-lá-quem. subindo o primeiro degrau tenho vontade de chorar.
nada se move.
a madeira range pedindo sol. todos os habitantes se olham secretamente pedindo sol.
ninguém se mexeu desde que saí. todos estão estáticos nos seus sofás, camas e vinhos.
o tempo todo penso em sair daqui. mas sei que nada resistiria a minha partida e a casa afundaria 3 metros em um dia. afundo devagar com ela e torço pra que ninguém perceba os enorme buracos pretos embaixo dos meus olhos, que não amenizam, independente de quantas muitas horas eu durma por dia.
se nada se move, eu tenho medo de tentar.