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segunda-feira, 9 de novembro de 2015

aliás, um saber morrer

sei morrer. (e falo por mim, ninguém mais).
morrer é um código que sempre esteve ali. morrer é um fato para o qual nunca olho, mas sinto em todos os segundos sua presença invisível devoradora de tempo.
carrego comigo a capacidade de morrer. nunca a perderei. carrego com afeto, bem acomodada e aquecida, em algum lugar de mim onde guardo as coisas mais importantes da existência.
morrer é um pequeno lembrete.
quando eu morrer, será como o toque de um despertador.
vivo como uma pessoa que tem embaixo da pele um chip. está ali e nunca deixo de saber, mas permito-me esquecer para que a vida se faça.
e esqueço de morrer para que a morte se faça.
alma enormemente microscópica. pedaço ínfimo de infinito. finitude imensurável.
se meu corpo refletisse alma, eu beberia o mar inteiro. aqueceria seres ectotérmicos com o meu sangue (e talvez eu própria entrasse em completa ebulição). seria feita de metal e penas.
percebi isso ao tocar seus mamilos duros. me dei conta que nosso corpo é líquido como é líquido sentir coisas. pensamentos de água morna e corpo que reflete (vagina, boca, poros, uretra, nariz, cortes)
mas não a nevrálgica infinita sólidalíquidagasosa volumosa e invisível alma. dela nada tenho nos músculos porque sei morrer.