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segunda-feira, 27 de abril de 2015

amoralua

Lua.
Te disse inconstante e usei tuas fases pra chamar meu lirismo. Me dei às marés, me fiz o abrir de ciclos, me fiz o fechar de ciclos.
Depois pensei que você não é inconstante. Porque sei sempre que depois de desaparecer, você aparece. Depois de diminuir, você cresce. Pensei que podia te prever.
Mas não posso. Não sei que cor terá amanhã. Não sei se poderei te ver da minha janela ou terei que procurá-la. E se procurá-la, não sei se te acharei entre as nuvens da cidade.
Mas tem uma tristeza que você não carrega. A tristeza da passagem do tempo. A tristeza fina, como garoa, que sinto ao ver fotos muito antigas, de pessoas que nunca conheci, que podem estar mortas ou muito velhas. A tristeza de imaginar o que pensavam, sobre o que falavam, quais piadas contavam. Quem amavam ou o que almoçaram naquele dia. Onde nasceram e onde foram enterradas, e por que foram enterradas, e SE foram enterradas.
E todas as pessoas antigas olharam pra você e te chamaram bonita.
Você me engana, Lua, fazendo parecer que o tempo não passa. Mas passa. E quantas faíscas você guarda.