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segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Eu sinto muito (forte) por todos os moradores enterrados por ganância lamacenta. De Mariana à Linhares. Recebo a dor dos índios, que não bastasse todo o resto pelo qual choram, choram agora pelo rio sagrado morto. Quando um desague que foi bonito, doce no salgado, agora é veneno no salgado, no ápice do ritual das tartarugas marinhas, e ovos parindo filhos de metais pesados. Vale do Rio Morto. Choro pelos que habitavam as beiras e o fundo do rio. Animais humanos e não humanos. Pelos que bebiam do rio, pelos que respiravam dele. Choro pelo mar, amor antigo, vê-lo sangrar.
Tremo de medo da velocidade do ódio. A velocidade que a lama corre, a velocidade da vida humana, a velocidade que atropelou o pássaro.
E me entristeço ainda pela lama dos outros lugares do mundo, a lama verdadeira, limpa e fresca, bela, úmida, água na terra, cheirando a mundo, que teve o nome roubado e usado como eufemismo pra RESÍDUOS TÓXICOS DE MINÉRIO. Meu coração está soterrado.

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Falos, cataratas e culturas antigas com lendas sobre centauros. Mas eu preciso dar um jeito de conseguir algum dinheiro.
Genocídios, especismo, neblinas, até chuva de sapos as vezes acontece. Curvas acentuadas, subidas íngremes, a mais variada ordem de sexos e atividades sexuais. Possibilidades e uma gama de substâncias capazes de colorir meus cabelos.
Mas preciso de emprego. Rotação de Vênus, marcos astrológicos, 11 de novembros, muros brancos, telas brancas, física quântica e budismo. E EU PRECISO DE DINHEIRO.
Peixes, drinks coloridos, pílulas coloridas. Cheiro de vômito. Instrumentos de sopro.
Sombra que a água faz quando atravessada pela luz, bucetas, árvores com mais de mil anos. Grupos de dança, encontros cegos, encontros combinados, ombros queimados de sol, bebês.
Mas preciso de emprego. (isso é um pedido de emprego. se alguém tiver um, me dê.)

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

aliás, um saber morrer

sei morrer. (e falo por mim, ninguém mais).
morrer é um código que sempre esteve ali. morrer é um fato para o qual nunca olho, mas sinto em todos os segundos sua presença invisível devoradora de tempo.
carrego comigo a capacidade de morrer. nunca a perderei. carrego com afeto, bem acomodada e aquecida, em algum lugar de mim onde guardo as coisas mais importantes da existência.
morrer é um pequeno lembrete.
quando eu morrer, será como o toque de um despertador.
vivo como uma pessoa que tem embaixo da pele um chip. está ali e nunca deixo de saber, mas permito-me esquecer para que a vida se faça.
e esqueço de morrer para que a morte se faça.
alma enormemente microscópica. pedaço ínfimo de infinito. finitude imensurável.
se meu corpo refletisse alma, eu beberia o mar inteiro. aqueceria seres ectotérmicos com o meu sangue (e talvez eu própria entrasse em completa ebulição). seria feita de metal e penas.
percebi isso ao tocar seus mamilos duros. me dei conta que nosso corpo é líquido como é líquido sentir coisas. pensamentos de água morna e corpo que reflete (vagina, boca, poros, uretra, nariz, cortes)
mas não a nevrálgica infinita sólidalíquidagasosa volumosa e invisível alma. dela nada tenho nos músculos porque sei morrer.

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

tuas mãos são a mistura exatamente dosada de brutalidade e doçura. os dentes marcam doído minha pele e os lábios beijam as marcas. você é doce e amargo.
os antebraços teriam força pra me esmagar (e as vezes fazem), mas um deles pousa leve no meu em-volta pra guardar meu sono e o outro vira travesseiro.
os dedos de uma mão passeiam delicados pela minha vagina, e os da outra mão me estapeiam o rosto, a bunda, puxam forte meu cabelo. você é dor e orgasmos.
menos as palavras; sempre carinho, nunca aspereza.