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terça-feira, 29 de setembro de 2015

se escrevo, é pra deixar os rios correrem
escrever não me serve se você usar as palavras pra amarrar esperanças tuas, nos amores meus.
minhas palavras não são cordas, correntes, âncoras, barbantes, nem linha fina. nada que amarre. não é nada que faça nó ou prenda, ou estanque, ou estrangule.
não deixo fio solto nenhum pra que você se segure.

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

tua fundura tem em mim um magnetismo bagunçado. confunde minhas bússolas, desregula relógios. me venta pra longe (ou pra mais perto, nunca sei)
me faz vírgula onde eu me achava ponto
com os pés na beira do oceano atlântico, não sei se o vento vem do mar, ou do teu cabelo, ou da tua risada rara, ou da minha confusão
e não sei se tenho mais medo de ser arrastada pelas correntes marítimas ou pelas tuas pupilas imensas, íris castanhas
(sinto que posso ser engolida num descuido. por isso serei toda cuidado perto de você)

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

pra te ver; perfume atrás da orelha
memória da sua boca doce de vinho
cantar baixinho no caminho da ida
ter medo
não ter mais

te olhando saber que não sei nada da vida e nem tu

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

a palavra vem sutil como a tristeza. e se anuncia baixinho, como se não quisesse realmente ser notada.
se faz tão presente quanto uma camada fina de água sobre chão liso. se faz presente no topo dos prédios em construção, que se erguem como se estivessem rasgando a carne do céu e berrando afrontas à deus.
se faz presente nos mendigos e nas crianças de paixões mortas. se faz presente em dúvidas sobre o amor e noites em que se tem pesadelos mesmo não dormindo sozinha.
se faz presente como um pequeno choque elétrico. se faz presente na auto subestimação. é presente (momento e surpresa).

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

o mar sussurra histórias que sabe que logo vou esquecer.
respondo pra ele riscando a areia, sabendo que os riscos logo não existirão mais.
e é essa nossa relação; coisa que se cria do zero sempre que nos vemos e destrói-se só de olhar pro outro lado.
minha flor preferida só existe em agosto e setembro. o mundo cresce e desaba. eu nasci e morri e nasci.