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quarta-feira, 25 de março de 2015

"a má gramática da vida nos poe entre pausas"

as regras de linguagem me dizem que não existe imperativo na primeira pessoa.
pois existe.
eu existo. eu me dou ordens.

S E L I B E R T E D E M I M!!

quarta-feira, 18 de março de 2015

a vida deve uma ter salvação que não seja entorpecer-se
e a tristeza oceânica deve ter um lugar pra desaguar que não sejam os olhos, ou as coisas materiais
e a alegria das coisas pequenas, não é possível que não exista um jeito
de se fazer com que ela dure quando essas coisas pequenas não puderem durar
e os amores não podem ser fugidios o tanto que parecem
e é preciso que a vida seja suportável tanto quanto é a solidão de vivê-la
e tem que ter um jeito de fazer com que as perdas não te quebrem, e os ganhos não te inflem

(solidão entorpece)

domingo, 15 de março de 2015

As vezes me faço rua num domingo de manhã.
Com seu sol gelado que encontra caminho entre os prédios e um vento fresco e novo. O mundo é cheio de coisas.
E as vezes você não entende (vejo na sua cara) como eu gosto muito de chuva (mesmo no frio).
É que ela veio de muito alto no céu. Nasceu nas alturas. Ao contrário de todas as coisas, que nascem do chão e esticam em direção ao céu, infindável. E tentam alcançar nuvens.
Mas chuva já é nuvem e não precisa alcançar nada. Ela nasce grande, alta, e se atira em queda livre em direção às nossas peles. É céu caindo em mim. Ela que nasceu ao contrário e não morre nunca.
Imagino que alguma gota de água do meu corpo possa ter sido chuva antes de me compor.

quarta-feira, 11 de março de 2015

insuficiente. não bate na borda. metade.
parte mais gostosa porém menos nutritiva de uma fruta meio verde. não-horizontal.
coisa que se pensa as vezes e, rápido, o pensamento pula para outro assunto mais interessante.
coisa que não atinge. dormente. um Quase.
garrafa de água quente. esquecível. pena colorida molhada. colchão desconfortável na segunda noite. estrela-do-mar com pontas faltando.
o pensamento pula para outro assunto mais interessante.

segunda-feira, 9 de março de 2015

Você era um passarinho não-pousado e eu gostava de te olhar voando
você pousou em mim eu tive medo de me mexer
(quando queria te tocar você recuava.) Aprendi que você é daquelas coisas que quando se quer, precisa fingir que não. Que quando menos se estiver esperando, afaga. Uma coisa bem pequena e com vontade muito própria. E tempo muito próprio. Como uma borboleta que se assusta com a aproximação mas depois, quando te pegar distraído, pousa no seu nariz.
E entendi sua liberdade.

palavras não são matéria

O dizer é algo que quando se toca, esvanece. O que foi dito deixa no ar um contorno de memória, que por ser só contorno, a mente preenche com as inverdades que quiser.
Palavras causam sensações e vão embora como se não fossem nada. Caem da boca sincera e tornam-se mentira em contato com o ar.
E ninguém se faz lembrar apenas por dizer coisas.
Não servem pra fincar nada, em lugar nenhum (em ninguém).
Minha mente borbulha de palavras que não posso dizer para não validá-las.
Mas talvez possa escrevê-las;
vai embora. vai embora. vai embora. vai embora. vai embora. eu não te acredito. eu não te acredito. vai embora.

sexta-feira, 6 de março de 2015

coisa pouca quase nada
escorre fluindo muito
quase nada
apaga
querência
quermesse
aquece
as poças d'agua
o sangue quentura
e quando que quis correr de você
e desses olhos pequenos lindos pretos
quero quase nada

segunda-feira, 2 de março de 2015

carta da saudade que um dia eu vou mandar

à tua pele branca que já me envolveu.
Não sei quem você é hoje. Talvez não saiba também quem foi. (está acontecendo uma coisa que acontecia no nosso tempo; as palavras perdem o sentido assim que saem da minha cabeça. Espero que você me entenda.)
Hoje penso -com saudade- na tua estabilidade que eu costumava repudiar. E nas suas incongruências. E em como você era (ou é, mais do que nunca) um muro intransponível. Me culpo.
Quis por tempo que as pessoas que somos se re-conhecessem. Hoje, deixo estar.
Mas sobretudo quero que saiba que apoio o teu caminho e teus amores. E, se quiser notícias minhas, resumindo os anos, sou feliz.

de mim, com carinho e saudades.