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quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Tenho medo do vazio então me preencho. De bobo completo espaços que nasceram tão perfeitamente sabiamente para serem apenas brancos.
A boca mente. A mente mente. Os dedos falam verdades. (menos quando escrevem, dai mentem mentem mentem.)
Minhas profundas sabedorias burras. Minhas tempestades não vem da cabeça, vem da barriga. E eu finjo não sentir, mas,
sinto muito!
e sinto falta. e finjo que não sinto fingindo saber dos 1+1 da vida.
mas passa um vento e: três!
quem sabe é vento, é grama, é inseto. inseto sabe muito.
eu influenciável, eu mole, eu cópia de vida. eu não-inseto. eu nada.
O modo feliz de lidar com a tristeza
e/ou
O modo triste de lidar com a felicidade

Olho (apenas) com carinho pr'aquele tempo que palavras eram tristeza. Agora aconteceu de palavras serem chuva no mar.
(Tão necessário que é chover no molhado.)
meu escrever é descrever meus sorrisos .

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

deixando rolar
(precipício abaixo)

olhos de claridade

acendi todas as velas da casa. encontrei uma lamparina. liguei 3 lanternas e saí estalando todos os interruptores.
encharquei até algumas tochas. liguei a tv.
acendi a luz de todos os banheiros.
"menina minha, era só abrir a janela."

dei pra sangrar colorido

no asfalto que planifica tudo e iguala todas as cores da vida
acho bom olhar como cada um acha um jeito de se manifestar
tanto conscientemente quanto não
e eu afeto e afetam-me
aconteço e sou acontecida 
pela poesia das ruas (poesia das ruas: coisas que as pessoas falam e sem querer quase que são bonitas, mas são reais)
olho bem dentro das bocas abertas que passam por mim buscando AR, PELO AMOR DE DEUS
AR
TE
e vou dormir suja.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Te amo indomesticada. Quando me chama urgente, e nas minhas manhãs, e nas minhas tardes, noites, vontades. E quando não me quer. E se me aperta, lambe, morde.
Te amo de olhar vazio sentada na sacada. Te amo curiosa, agitada. E de ouvidos bem atentos aos passarinhos por quem você cultiva um amor destrutivo.
E paciente. Olhos muito abertos, claros, grandes. Te amo bagunçada. E confusa depois de acordar. E sincera. Melindrosa. E aérea. E muito livre. E especialmente te amo quando não entende o que eu digo.

domingo, 14 de dezembro de 2014

Tua pele é sufocante.
Não aguento tua saudade. Teu me-querer enche meus pulmões de água e meus olhos ardem.
Quando você pensa em mim, dói. Você é peso. Desculpa, mas tua presença são pedras, muito sólidas. Sinto-as esmagando meu corpo, pressionando meus ossos, interrompendo meu ar.
Não suporto essa expectativa que você atira em mim e acerta tão precisamente. Consigo enxergá-la de tão palpável, e nem quadras de distância fazem dela menos estrondosa.
Te sinto como petróleo, grudando nas minhas penas e me afogando no mar. Teus pensamentos escuros.
Desculpa, desculpa. Mas quero teu amor de fumaça longe de mim.
Que só eu me sufoque.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

não pararei

Lábios tão colados 
que arrrrraaaaannnnncaaammmmm de mim qualquer lirismo 
baratíssimo e de última ordem
que pessoas, outras, andam tomando como se fossem para si. quer dizer que alguém quer
mas não você.
não liga
não vê
não sei
lábios tão abruptos de colados de tão longe de tão sol. e eu, que me repito me repito me repito me repito me repito me

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

O corte na sua garganta era profundo demais, e assustador o bastante. Mas eu achei que você sobreviveria por gratidão.
Suas asas estavam tortas e embebidas nesse teu sangue de pássaro. Mas eu achei que você lutaria. Que bicaria a vida implorando pra que ela ficasse no seu corpo, do mesmo modo que bicou meus dedos minutos antes. Meus dedos que sangravam.
Ritualizei tua morte com esse meu sangue de humano. Foi uma troca. E quando percebi que você morreria, quis te explicar que não faz mal morrer, que você faria mais alguns vôos cósmicos e depois desceria aqui pra terra de novo, com um corpo outro. Mas não pude te dizer nada porque você era pássaro, e eu era gente.
Não pude fazer mais que te assistir. Você fez um barulho com o corpinho contra o espaço, bicou o chão com força (tanta força que te/me machucou) e morreu. Ali as minhas vistas de mulher, passou. Vi seus olhos esfriarem e sua respiração parar. Nunca vi coisa tão parada quanto você, nem mesmo pedra. E nunca vi coisa tão fria, nem mesmo chuva. Te toquei pra ver se sentia a vida indo embora, pra ver se sua alma ainda estava ali. Só senti silêncio e matéria orgânica inerte.
Você permitiu que eu te visse morrer. Ninguém nunca esteve tão cru na minha frente.
Era passarinho.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Não quero sair do óbvio: sinto sua falta. (e do quarto número 100 do hotel mais barato que encontramos)

Suas mãos eram quentes, grandes e duras. E eu sinto falta delas.
Você que nunca começava as frases com "um dia eu estava..." porque tudo que saía de você era momento presente.
Você que tinha cheiro da rua. Cheiro das suas andanças por aí.
As palavras rolavam da sua língua com facilidade e caíam, macias, no espaço. Sua boca musicada. Sua presença imponente e devoradora. Sua brutalidade morena. Sinto sua falta, moreno, sinto sua falta, com toxicidade sinto sua falta, patologicamente sinto tudo...
Eu quis achar que os insetos criavam asas no calor para passear nas noites quentes de verão. Quis achar que mariposas gostam de se vestir de lua, por isso ficam a noite toda imóveis. Pensei que as formigas usavam pontos nos ouvidos, para que se comuniquem em suas missões além-formigueiro. Que as árvores tremelicam com o vento porque ele canta, e elas dançam.
Mas a natureza não é bonita. A natureza é.
A natureza é, e a frase acaba assim.
Enquanto eu projetar meu amor, ele não existe. Enquanto eu projetar, meu amor...

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Depois de anos, anos, anos
longas, intermináveis décadas
uma ida e volta à era paleolítica
milhares e milhares de ciclos universais
pessoas mudadas que fomos
sonhei com você. (e gostei)