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segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

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Sempre sabe o que dizer, quando dizer, e o pior, o que não dizer. É tão espontâneo e despreocupado, e quem te fez até soube onde e como colocar os defeitos. Tudo atrativo.
Tudo,
Tudo.
A voz, o jeito de falar devagar, o sorriso que você nunca dá.
Sabe o jeito de me irritar exatamente na medida, e sabe [com uma sutileza irritante] fazer eu te desculpar.
Talvez eu nunca tenha me dado tão bem com alguém antes, e eu também gosto, olha, eu sei que é démodé, mas gosto do seu cheiro.
Gosto muito, e gosto quando fica em mim sem querer. Acho que gosto de você.
E gosto de falar com você, mas bem perto. Você sabe... Gosto das suas gírias.
Gosto de quando a gente anda por aí igual amigos e você pega minha mão ou poe seu braço nos meus ombros pra deixar claro pra mim
que não é amizade.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Os cabelos loiros e curtos se agitaram pelo rosto, dançando com o vento com gosto de morte, que só existe dentro de cemitérios.
Como podia se adaptar a essa efemeridade da vida? Como alguém podia se adaptar? Pensou.
Se nem ela, a menina pequena de sardas e pele bronzeada, a menina selvagem, distante, singular, nem ela conseguia, ela que representava todas as coisas inconstantes do mundo,
quem conseguiria então?
Como lidaria com o sentimento de "sentir saudades'?
Balançou o vestido branco que fez questão de usar naquele dia, justamente por ser um velório. Nunca entendeu a razão das roupas pretas. Passou a mão no rosto vermelho de lágrimas e no cabelo mal cortado que dançava.
Afastou quem pensou em vir falar com ela. E de novo ela se revoltou. Morrer?
Deixou uns pratos no criado-mudo, a luz do banheiro acesa e,
morreu? Essa ação inacabada de morrer, assim, pela metade? Quem sabe o que deixou de falar porque foi interrompido pelo indelicado gesto de morrer?
Enfim morreu. E deixou a moça loira sozinha, em toda sua selvageria indecifrável.
Distante.