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quarta-feira, 8 de junho de 2011

Era engraçado como ele tinha jeito com as palavras e mesmo assim as usava bem pouco. Acho que tudo ficava mais bonito quando saia da boca dele. Aliás todas as coisas ficavam mais bonitas quando se relacionavam com ele, de algum modo.
Não sei o que tinha esse guri. Era uma beleza além da aparência, além das covinhas.
Quando eu acordava ele com o cheiro de café da cozinha, e ele aparecia lá de cueca e cabelo bagunçado e eu dizia que ele acordava feio, não sei muito bem o que ele pensava. Sempre me dizia que era eu quem estava feia de blusão cinza e meias. Riamos.
Lembro das vezes que ele ficava vermelho quando era elogiado, ou talvez eu não soubesse elogiar.
A maior parte do tempo ficávamos dentro do apartamento branco e mofado, nunca sóbrios o suficiente pra eu lembrar o que fazíamos lá.
Foi assim que eu fui embora, também. Sem estar sóbria o suficiente pra lembrar porquê.