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segunda-feira, 2 de maio de 2011

Pessoas são um pouco de sol, um pouco de poeira, mel, cheiro de grama cortada, palavras e outra coisa meio suja. Algumas são dias claros e mornos de verão, outras são também, mas depois da chuva. A maioria é uma cidade bem poluída. A melhor parte são montes e montes de fios enrolados e sem ponta, amor, vômito, algodão doce.
Ele era tudo isso
e música.

O dia em que todo mundo virou poesia

                        O dia mais estranho da minha vida
                   O dia em que as pessoas olharam nos olhos
 Na lanchonete eu virei pra trás e um menino olhou bem nos meus olhos. Ele virou poesia talvez porque fizesse muito tempo que ninguém olhava diretamente nos meus olhos, e mais provável ainda porque fizesse muito tempo que ninguém olhava nos olhos de ninguém. No ônibus uma criancinha jogou uma bola na minha cabeça, e depois olhou nos meus olhos. A mãe dela pediu desculpas.
Olhando
bem
nos
meus
olhos.
Não que a direção do olhar seja importante de fato, mas nesse dia, todos que olharam pra mim puderam ler o que eu estava pensando. Eu olhava pros meu pés e eles eram poesia. Eu olhava pro mundo e ele era angústia, tanta que não caberia em um milhão de linhas. E que grande diferença faria um milhão de linhas de angústia poética? Nenhuma, porque o universo é poesia e é poesia infinita. Mas qual angústia, de mundo? Não caberia a mim sentir, talvez porque não me caiba entender o infinito.
Isso me encabula.