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quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Quebrei.

Sentiu cheiro de chuva. Abriu a janela pra deixar um pedaço do céu entrar.
Não entrou.
Pensou em todos os motivos para todas as coisas sem usar o cérebro. Não, não, é uma outra coisa que se usa, como uma espécie de essência, pra essas coisas que não são pensadas.
Era um menininho triste por um corte de cabelo errado.
Era a mesma tristeza de todas as outras pessoas do mundo. [só que por um motivo menor]
Era uma futura tarde de quinta chuvosa.
A essência dele era uma sopa borbulhante agora, toda a quinta-feira era uma sopa borbulhante agora, de fato, só uma criança conseguiria tal proeza. Mexer toda a vidinha besta em uma tigela grande e fazer ferver. E nunca deixa de ser engraçado como uma criança explode por pouco. [só quando os adultos explodem por coisas menores]
-Para de reclamar, sabe quantos menininhos da África não têm uma mãe que corte o cabelo deles?
-Então eles têm muita sorte!- que se fodam os menininhos da África, ele pensou, eu nem sei onde fica a África. Que se fodam.
Chorou e dormiu, como de praxe. Mas o que importa é o choro em si. É o mesmo choro dos menininhos da África. O mesmo choro meu e seu, por exemplo. Pessoas são previsíveis, aí é que está. Depois, o sono.